domingo, 12 de junho de 2016

A crise no seguimento da Saúde


A revista divulga os principais indicadores dos membros participantes da ANAHP, que hoje somam 80 empresas, que representa 1,30% dos serviços oferecidos no país. A soma das receitas brutas, representam 22,7 bilhões, 18,68% desse seguimento, um número bastante significativo para análise crítica.  Essas empresas, representaram 37% dos empregos desse seguimento, que representam 42,3% das despesas, que em 2015 somaram 19 bilhões, perfazendo um índice de receita líquida pela despesa total de 1,18, que está em queda livre, desde 2013, que representava 1,40. Nunca as despesas estiveram tão próximas das receitas líquidas, dificultando investimentos de curto e médio prazo.

A RD Consultoria analisou os dados da Revista Observatório 2016 da ANAHP, com objetivo de fazer um paralelo com a crise econômica do país, para mostrar o quanto ela afeta as empresas de serviços de saúde, principalmente naquilo que se refere a investimentos de curto e médio prazo.


Apesar das receitas terem subido 5,4% de 2014 a 2015, as despesas subiram acima, 9,6%. Por conta dos reajustes governamentais nas taxas concessionárias essenciais, como água, energia, telefone, além dos reajustes salariais e dos insumos, que na saúde, estão muito atrelados à variação cambial. Infelizmente, os planos de saúde, não repassam na integra os reajustes que eles recebem por recomendação da ANS, exemplo: em 2015 as operadoras de saúde receberam 13,6% de reajuste, mas repassaram apenas 7,9% aos prestadores. Isso acaba gerando um ciclo vicioso, que precisa aumentar a produção para corrigir esse déficit. Não obstante, os prestadores de serviços, recebem em média a cada 75 dias das operadoras de planos de saúde e pagam com condições de 30, 60 e 90, quando muito bem negociado e dependendo do valor mensal de aquisição. Não bastasse isso, os aparelhos e instrumentos, são de alta tecnologia, cada vez mais caro, exigindo o endividamento junto a bancos para manter a empresa competitiva. Para qualquer especialista econômico, o resultado é quebra do serviço ao longo de um período.

Em relação as fontes pagadoras, a situação não é nada animadora, os Planos de Saúde, que contavam com 50,5 milhões de usuários em 2014, em 2015 fecharam em queda de -1,58% e com o crescimento do desemprego do país, a tendência é cair ainda mais e piorar mais o quadro da gestão da saúde, uma vez que o maior índice de desemprego, está na faixa jovem, que geram menos despesas aos planos de saúde, reduzindo a margem de rentabilidade e aumentando a sinistralidade, que em 2015, foi de 85%, isso porquê a faixa etária acima de 59 anos, é que mais cresce e a que mais necessita dos serviços oferecidos. A consequência disso é a redução do número de operadoras, quem em 2004 representava 1302 e em 2015 passou a ser de 843, com apenas 24,4% de fusões, o restante deixaram de existir.


A dependência por mão de obra qualificada é outra dificuldade para os prestadores de serviços, que
empregam mais de 21,8% com nível de escolaridade superior; 6,5% com pós-graduação e 64,4% com nível técnico, ou seja, mão de obra cara e escassa no mercado brasileiro, uma vez, que mais de 30% dos formados, acabam saindo do país em busca de melhores salários. Se não bastasse isso, o índice de rotatividade representa 1,5%, criando uma dependência de treinamento, desenvolvimento e capacitação interna, prova disso é que 18,8% dos colaboradores dos membros da ANAHP, são aproveitados internamente, por dificuldade de reposição, que em média levam 20 dias.

Além de todos esses fatores, o serviço de saúde, ainda goza de um indicador único, a glosa, que hoje representa em média, 3,59% para os Membros da ANAHP. Esse indicador é muito prejudicial, pois o serviço atendeu ao paciente, realizou todo procedimento, gastou e no final não recebeu pelos serviços prestados, ou seja, é realmente uma perda, que apesar de toda tecnologia empregada dos serviços de TI, ainda ocorrem e pelo que se percebe, não existe interesse da fonte pagadora em eliminar esse mal a qualquer gestor financeiro do serviço de saúde.

Com todo esse cenário, o índice de qualidade e segurança, ficaram bastante estabilizados, contrariando a meta de redução dos eventos adversos e sentinelas, embora hoje os membros da ANAHP, são acreditados e representam 62% das certificações internacionais. Isso comprova que os investimentos em treinamento e capacitação interna, estão sendo reduzidos e que se não houver uma reversão nesse quadro, coloca em risco toda evolução conquistadas de 2004 até aqui.

É por esses dados que a RD Consultoria acredita que é preciso uma mobilização empresarial para garantir a rentabilidade dessas instituições. O governo não consegue manter a rede SUS e da maneira em que está, prejudica cada vez mais as instituições privadas, exigindo a entrada de recursos externos, que ao analisar esses indicadores, acabam por desistir de investir. Se não houver uma intervenção positiva, com foco na redução de custos operacionais e flexibilização, em breve teremos uma cadeia de valor, totalmente comprometida e endividada.


Ronaldo Damaceno
Gestor Executivo em Saúde
RD Consultoria

domingo, 5 de junho de 2016

Revista on line Gestão em Saúde da RD Consultoria

Pensando nos clientes e usuários dos serviços on line da RD Consultoria, o sócio diretor Ronaldo Damaceno, resolveu compartilhar os artigos, memes e notícias que ele lê diariamente para atualização, com objetivo de contribuir de aqueles que pretendem se aventurar por esse caminho. Agora todo esse material ficará agrupado na Coleção: Gestão em Saúde RD​.
Espero que gostem e compartilhe com seus pares.

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