A revista divulga os
principais indicadores dos membros participantes da ANAHP, que hoje somam 80
empresas, que representa 1,30% dos serviços oferecidos no país. A soma das
receitas brutas, representam 22,7 bilhões, 18,68% desse seguimento, um número
bastante significativo para análise crítica. Essas empresas, representaram 37% dos empregos
desse seguimento, que representam 42,3% das despesas, que em 2015 somaram 19
bilhões, perfazendo um índice de receita líquida pela despesa total de 1,18,
que está em queda livre, desde 2013, que representava 1,40. Nunca as despesas
estiveram tão próximas das receitas líquidas, dificultando investimentos de
curto e médio prazo.
A RD Consultoria analisou os dados da Revista Observatório
2016 da ANAHP, com objetivo de fazer um paralelo com a crise econômica do país,
para mostrar o quanto ela afeta as empresas de serviços de saúde,
principalmente naquilo que se refere a investimentos de curto e médio prazo.
Apesar das receitas terem subido 5,4% de 2014 a 2015, as
despesas subiram acima, 9,6%. Por conta dos reajustes governamentais nas taxas concessionárias
essenciais, como água, energia, telefone, além dos reajustes salariais e dos
insumos, que na saúde, estão muito atrelados à variação cambial. Infelizmente,
os planos de saúde, não repassam na integra os reajustes que eles recebem por recomendação
da ANS, exemplo: em 2015 as operadoras de saúde receberam 13,6% de reajuste, mas
repassaram apenas 7,9% aos prestadores. Isso acaba gerando um ciclo vicioso,
que precisa aumentar a produção para corrigir esse déficit. Não obstante, os
prestadores de serviços, recebem em média a cada 75 dias das operadoras de
planos de saúde e pagam com condições de 30, 60 e 90, quando muito bem
negociado e dependendo do valor mensal de aquisição. Não bastasse isso, os
aparelhos e instrumentos, são de alta tecnologia, cada vez mais caro, exigindo
o endividamento junto a bancos para manter a empresa competitiva. Para qualquer
especialista econômico, o resultado é quebra do serviço ao longo de um período.
Em relação as fontes pagadoras, a situação não é nada
animadora, os Planos de Saúde, que contavam com 50,5 milhões de usuários em
2014, em 2015 fecharam em queda de -1,58% e com o crescimento do desemprego do
país, a tendência é cair ainda mais e piorar mais o quadro da gestão da saúde,
uma vez que o maior índice de desemprego, está na faixa jovem, que geram menos
despesas aos planos de saúde, reduzindo a margem de rentabilidade e aumentando
a sinistralidade, que em 2015, foi de 85%, isso porquê a faixa etária acima de
59 anos, é que mais cresce e a que mais necessita dos serviços oferecidos. A consequência
disso é a redução do número de operadoras, quem em 2004 representava 1302 e em
2015 passou a ser de 843, com apenas 24,4% de fusões, o restante deixaram de
existir.
A dependência por mão de obra qualificada é outra dificuldade
para os prestadores de serviços, que
empregam mais de 21,8% com nível de
escolaridade superior; 6,5% com pós-graduação e 64,4%
com nível técnico, ou seja, mão de obra cara e escassa no mercado brasileiro,
uma vez, que mais de 30% dos formados, acabam saindo do país em busca de
melhores salários. Se não bastasse isso, o índice de rotatividade representa
1,5%, criando uma dependência de treinamento, desenvolvimento e capacitação
interna, prova disso é que 18,8% dos colaboradores dos membros da ANAHP, são
aproveitados internamente, por dificuldade de reposição, que em média levam 20
dias.
Além de todos esses
fatores, o serviço de saúde, ainda goza de um indicador único, a glosa, que
hoje representa em média, 3,59% para os Membros da ANAHP. Esse indicador é
muito prejudicial, pois o serviço atendeu ao paciente, realizou todo
procedimento, gastou e no final não recebeu pelos serviços prestados, ou seja,
é realmente uma perda, que apesar de toda tecnologia empregada dos serviços de
TI, ainda ocorrem e pelo que se percebe, não existe interesse da fonte pagadora
em eliminar esse mal a qualquer gestor financeiro do serviço de saúde.
Com todo esse cenário, o índice de qualidade e segurança,
ficaram bastante estabilizados, contrariando a meta de redução dos eventos
adversos e sentinelas, embora hoje os membros da ANAHP, são acreditados e
representam 62% das certificações internacionais. Isso comprova que os
investimentos em treinamento e capacitação interna, estão sendo reduzidos e que
se não houver uma reversão nesse quadro, coloca em risco toda evolução
conquistadas de 2004 até aqui.
É por esses dados que a RD Consultoria acredita que é preciso
uma mobilização empresarial para garantir a rentabilidade dessas instituições.
O governo não consegue manter a rede SUS e da maneira em que está, prejudica
cada vez mais as instituições privadas, exigindo a entrada de recursos
externos, que ao analisar esses indicadores, acabam por desistir de investir.
Se não houver uma intervenção positiva, com foco na redução de custos
operacionais e flexibilização, em breve teremos uma cadeia de valor, totalmente
comprometida e endividada.
Ronaldo
Damaceno
Gestor
Executivo em Saúde
RD
Consultoria