sábado, 15 de outubro de 2011

Erros Médicos e Diagnósticos

Caso Sírio Libanês,divulgado no Jornal Estadão


A pedido de seu ginecologista, a bancária Mary Yugue fez uma mamografia porque sentia pontadas na mama esquerda. O laudo apontou uma microcalcificação na mama direita e o médico sugeriu, sem urgência, uma biópsia sem cirurgia. Três meses depois, ao fazer o procedimento, contou ao radiologista que, na verdade, sentia algo errado na mama esquerda. "Ele pediu novos testes e descobriu que eu tinha câncer na mama esquerda."



Maria Helena, com a densitometria óssea feita no Sírio Libanês: erro foi comparar exame com outro. Era um tumor agressivo. E a bancária ficou revoltada com o laboratório. "Se não fosse esse radiologista, o tumor cresceria de repente e não daria tempo de tratar", diz ela, que preferiu não processar o emissor do laudo errado para se concentrar no tratamento. Foram necessárias quatro cirurgias, além de radioterapia e quimioterapia.


Maria Helena Faria de Camargo, de 51 anos, também foi vítima de um laudo errado. Ela tem osteopenia há 10 anos, que leva à diminuição da massa óssea. Em junho, passou pelo exame de densitometria óssea no Hospital Sírio-Libanês, um dos mais conceituados do País. O laudo comparava os valores de sua densitometria com um exame anterior que ela nunca havia feito no local. "É duro receber um resultado que não é o seu. Disseram que fariam um segundo laudo, mas não acredito mais."


Para o diretor técnico do Sírio-Libanês, Antonio Carlos Onofre de Lira, o que houve foi erro humano. "O exame é cadastrado pelo nome e pelo número de identificação. A checagem foi pelo nome e não pelo número, havendo risco de homônimos". Segundo ele, o laudo fornecido é correto e só a comparação com o exame anterior deve ser desconsiderada.


O advogado Gilberto Bergstein, especializado em saúde, diz que o problema não se limita a exames de imagem. E conta o caso de uma cliente que recebeu resultado positivo em um exame para anemia falciforme e, durante oito anos, foi submetida a um difícil tratamento. Foi quando outro exame revelou que ela não tinha a doença.

Paciente paga caro por erro de diagnóstico


Escolher o laboratório mais perto de casa ou do trabalho para fazer exames de imagem pode até ser mais cômodo. Mas, para minimizar o risco de erros e imprecisões nos diagnósticos, os médicos recomendam buscar unidades que tenham o selo de qualidade fornecido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Tarefa que não é fácil: no caso dos mamógrafos, por exemplo, apenas 5% dos 3,2 mil aparelhos do País têm o certificado.



Mary Yugue, livre de câncer na mama esquerda: laudo errado apontou microcalcificação na mama direita.


Uma dica como essa poderia ter livrado a bancária Mary Yugue, de 42 anos, da angústia de receber um diagnóstico errado. Um falso negativo para câncer de mama quase a impediu de ser tratada a tempo. Enquanto um tumor agressivo crescia em sua mama esquerda, o laudo da mamografia emitido por um laboratório da cidade apontava apenas uma microcalcificação sem importância na mama direita.


O problema com as mamografias no País passou a chamar a atenção em 2006, após um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) constatar que 60% dos exames que chegavam à instituição, vindos tanto do SUS como de clínicas particulares, tinham problemas que prejudicavam a interpretação da imagem. "Muitos dos produtos usados no procedimento estavam vencidos, o filme era de má qualidade.


Além disso, os radiologistas eram mal treinados", conta a mastologista Rita Dardes, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que participou do estudo. Havia ainda outros problemas, como defeitos na radiação e na calibragem da máquina, além de erros no posicionamento das pacientes.


Um novo estudo, feito com 53 serviços do SUS que passaram por um projeto-piloto de qualidade em mamografia entre 2007 e 2008, mostrou novos problemas: 30% deles ficaram abaixo dos padrões satisfatórios - índice três vezes maior que o porcentual de falhas tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Foi essa constatação, diz Rita, que originou o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia.


A médica observa que é um direito da paciente perguntar se o mamógrafo em que será examinada tem o selo de qualidade. E ressalta que é importante a população exigir das instituições essa garantia. Para a médica Linei Urban, coordenadora da Comissão Nacional de Qualidade em Mamografia do CBR, o grande problema da má qualidade desses exames é que a mulher passa a ter uma falsa sensação de segurança. "Se o exame não consegue diagnosticar, o tumor vai ter mais um ou dois anos para crescer e a paciente vai perder tempo, não se tratando na fase inicial."

Ultrassom e ressonâncias



O Programa de Qualidade do CBR também avalia exames de ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada. A avaliação leva em conta tanto o equipamento quanto o profissional responsável pelo serviço.


O selo de qualidade tem validade de dois anos. Mas a adesão não é obrigatória e a avaliação não tem caráter punitivo: mesmo que o estabelecimento seja reprovado, poderá continuar funcionando. "A luta para que o certificado torne-se obrigatório, inicialmente no SUS e posteriormente na rede particular, é antiga", diz Linei.
Técnico da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do Inca, Ronaldo Correa confirma que já existe uma proposta em avaliação no Ministério da Saúde a respeito da obrigatoriedade do selo de qualidade nos serviços de mamografia no País.


Especializado em saúde, o advogado Julius Conforti observa que, em casos como o da bancária Mary, a falha pode ser do operador do aparelho, do próprio equipamento, do especialista que emite o laudo ou do médico que solicitou o exame, ao interpretar os resultados. "Toda essa cadeia tem responsabilidade", diz. "Em termos jurídicos, até o convênio pode ser responsabilizado, já que tem o dever de escolher laboratórios idôneos", completa.

Quem cuida das mamas não é o ginecologista



Mesmo os laboratórios mais conceituados estão sujeitos a erros técnicos, de acordo com os especialistas ouvidos pelo Jornal da Tarde. Por isso, dizem eles, é importante que médicos e pacientes estejam atentos para verificar qualquer discrepância no resultado de um exame.


"Como mastologista, primeiro interpreto a mamografia e depois leio o laudo para saber se concordo", explica o médico Paulo Roberto Pirozzi, professor da Faculdade de Medicina do ABC. "Se discordar, peço para repetir em outro lugar ou solicito um exame mais acurado."


Presidente da Federação Brasileira das Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), a médica Maira Caleffi alerta que o médico mais indicado para investigar qualquer questão ligada à mama é o mastologista e não o ginecologista, como muitas mulheres imaginam. "Pouca gente sabe que o mastologista é o médico das mulheres, dos homens e das crianças para tratar assuntos relacionados às mamas. No Brasil, não existe a cultura de procurar o mastologista."


De acordo com Maira, os exames das mamas têm muitas especificidades e só o mastologista é treinado para interpretá-los corretamente. "Algumas formas de câncer são muito difíceis de aparecer na imagem. O paciente sente alguma coisa, faz o exame, não aparece nada e o ginecologista confirma que não tem nada. Enquanto isso, o tumor vai crescendo."


Na opinião dela, o paciente também deve ser ativo na busca de um diagnóstico. "Caso ele sinta algum sintoma e o resultado do exame vier negativo, é importante que ele não se resigne ou aceite um laudo que não foi visto por mais de um especialista". O recomendável, diz a presidente da Femama, é verificar se o laboratório tem certificado de qualidade, como o emitido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) ou pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

FALHAS TAMBÉM TÊM A VER COM FALTA DE ESPECIALISTAS



Outro problema que também pode comprometer a qualidade de um exame feito em laboratório é a falta de patologistas no Brasil - que são os médicos responsáveis pela análise de fragmentos de tecidos com a ajuda de um microscópio.


Cabe ao patologista elaborar o laudo de um exame de papanicolau, por exemplo, ou verificar se determinado tumor é maligno ou não. Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, o médico Carlos Renato Mello diz que tanto nas instituições privadas como nas públicas tem aumentado muito a demanda de exames feitos por patologistas. O número de especialistas nessa área, contudo, não tem crescido na mesma proporção. "Por causa disso, existe o risco de que outros profissionais, com treinamento muito menor, passem a exercer a mesma atividade", critica.


Ninguém melhor do que o próprio médico, dizem os especialistas, para saber quais instituições clínicas trabalham com um corpo adequado de profissionais. Assim, é dever do médico indicar o melhor laboratório a seus pacientes. A afirmação é do mastologista Paulo Roberto Pirozzi, professor da Faculdade de Medicina do ABC. "O profissional não pode largar isso apenas na mão do paciente", observa.


De acordo com o mastologista, ao indicar um laboratório de sua confiança, o médico colabora com a redução da margem de erro nos resultados de exames solicitados por ele mesmo.

Processos por erro médico no STJ triplicam em 6 anos


O número de processos por erro médico recebidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) mais que triplicou nos últimos seis anos. De 2002 até o fim do ano passado, o volume de ações passou de 120 para 398, segundo a assessoria de imprensa do tribunal. No total, tramitam no STJ atualmente 471 casos, a maioria questionando a responsabilidade exclusiva do médico e não das instituições. Para médicos de entidades que acompanham o problema, o avanço das denúncia revela, em parte, que os brasileiros estão mais conscientes de seus direitos. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) admite, porém, que a má-formação profissional dos médicos e a falta de condições de trabalho também estão por trás das estatísticas.



Lígia Bahia, médica e vice-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), do Rio de Janeiro, chega a dizer que não houve aumento na incidência de casos, mas sim uma evolução da população brasileira, que está mais consciente e vem perdendo o medo de denunciar. "Os erros médicos não aumentaram, o que aumentou foi o registro, e isso é positivo porque quer dizer que a sociedade está mais transparente", avalia. Para ela, vem ocorrendo uma mudança na relação entre o médico e o paciente, que no Brasil sempre foi muito "liberal", com o médico "acima de qualquer suspeita". O ideal, diz ela, é que a relação seja institucionalizada.


Mesmo com o aumento das denúncias por parte da população, a estatística ainda está muito aquém da realidade, na opinião de Lígia Bahia. "No Brasil há um sub-registro de erros médicos, a gente só vê a ponta do iceberg, não temos dimensão do iceberg inteiro". A vice-presidente do Cebes explica que as ocorrências não chegam a ser registradas muitas vezes por falta um sistema nacional de regulamentação técnica. "No Brasil temos péssimos prontuários, os registros da enfermagem não são padronizados, o diagnóstico muitas vezes é passado oralmente, e não por escrito, e assim não é possível provar que houve erro médico". Ela também acrescenta que a alta rotatividade dos profissionais da saúde, como enfermeiros e auxiliares, dificulta o registro das etapas do tratamento do paciente.


Como exemplo da falta de transparência, ela cita o caso da dona de casa Verônica Cristina Barros, que morreu na manhã de sábado no Rio de Janeiro. "O marido da vítima foi comunicado do suposto erro médico por meio de uma ligação anônima", lembra. Depois de cair e bater a cabeça, um coágulo se formou no lado esquerdo do cérebro de Verônica, conforme indicou tomografia computadorizada, mas a equipe médica teria operado o lado direito da cabeça da paciente.


Formação profissional


O Cremesp também verificou um crescimento no volume de denúncias. Segundo o médico e vice-presidente da entidade, Renato Azevedo Junior, com base nos últimos dados, de 2006, houve um aumento de 75% em relação a 2000. Azevedo também vê nos números um sinal de que a população é hoje mais consciente de seus direitos e denuncia mais. Para ele, esta mudança de comportamento é o principal motivo do crescimento dos processos. Mas ele também destaca a má-formação profissional, por conta do aumento das universidades de medicina, muitas delas despreparadas para oferecer o ensino adequado.


Ele cita ainda as condições de trabalho. "Principalmente na periferia, o médico não tem condições de exercer sua profissão de forma adequada, não tem material, não dispõe de exames", aponta. Para o vice-presidente do Cremesp, a baixa remuneração também compromete a qualidade do profissional. "Hoje, os médicos do serviço público trabalham em média de 10 a 12 horas diariamente, e assim o profissional não tem tempo de se atualizar."
Para a advogada e presidente da Associação das Vítimas de Erros Médicos (Avermes), Célia Destri, o aumento no número de processos evidencia a qualidade da formação do médico, que ela classifica como "péssima". A entidade acompanha mais de mil processos sobre erro médico. Segundo a advogada, em cerca de 70% dos casos julgados o paciente foi indenizado. Célia fundou a primeira entidade de assistência a vítimas de erro médico em 1990. Ela conta que perdeu o rim esquerdo numa cirurgia ginecológica para retirada de cistos no ovário. Durante o procedimento, ela teve o ureter, canal que liga a bexiga ao rim, cortado por engano. Durante dois dias, conta, sentiu cólicas, que a médica diagnosticou como "psicológicas". Operada às pressas, a equipe médica encontrou dois litros de urina na em seu abdome.




Hospital Britânico Admite erro em adolescente de 14 anos




Um hospital britânico admitiu culpa depois que uma adolescente de 14 anos ficou paralisada da cintura para baixo devido a um erro médico.

Sophie Tyler foi internada no Hospital Infantil de Birmingham no dia 27 de maio de 2008 para passar por uma cirurgia de cálculo biliar, mas a anestesia peridural não foi retirada no momento certo, danificando permanentemente sua coluna vertebral.
A família da jovem, hoje com 17 anos, diz que um dia após a operação, Sophie reclamou de falta de sensibilidade na perna direita. Após mais um dia, a falta de sensibilidade passou a afetar ambas as pernas e ela mal conseguia mexer os pés.
Apesar disso, funcionários do hospital só retiraram a anestesia na noite do dia 29 de maio.
Uma ressonância magnética realizada no dia seguinte revelou que o anestésico havia infiltrado a medula, danificando as membranas e deixando a menina paralisada da cintura para baixo.
Universidade 
Sue Tyler, mãe de Sophie, disse que o episódio mudou completamente suas vidas.
"Ela era uma adolescente sociável e sua vida foi transformada de uma hora para a outra e todos nós tivemos que nos conformar com o que aconteceu", diz ela.
"Sophie ainda está estudando e pretende cursar universidade, mas para fazer isso ela teve de ser extremamente determinada e precisa de muito apoio para permitir que ela alcance seus objetivos."
O advogado Tim Deeming, que representa a família, diz que " a não ser pelas pedras na vesícula, Sophie era uma menina muito saudável e ativa".
"Ela e sua família confiaram no hospital e acreditaram que em poucos dias ela estaria a caminho da recuperação. Aos 14 anos, receber a notícia de que você nunca mais vai andar é inimaginável. E foi muito difícil descobrir que os erros poderiam ter sido evitados."
O hospital disse "sentir profundamente" pelo que aconteceu com Sophie e assumiu total responsabilidade pelo episódio, o que abre caminho para um acordo de compensação financeira.
"Nossos cuidados ficaram abaixo dos altos padrões de serviço que normalmente oferecemos e desde então implementamos uma série de mudanças para garantir que isso nunca mais ocorra", disse Din Diwakar, chefe de serviços médicos do Hospital Infantil de Birmingham.
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Erro Médico matou doadora de medula óssea


Laudo entregue hoje à Polícia Civil confirma que a universitária Luana Neves Ribeiro, de 21 anos, morreu por causa erros médicos cometidos enquanto esteve internada no Hospital de Base (HB), de São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo. Luana morreu no dia 4 de julho quando era submetida a preparativos médicos para fazer a doação da medula óssea para uma criança portadora de leucemia, do Rio de Janeiro. A morte levou o hospital a paralisar a coleta de medula para transplante e o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e Polícia Civil a abrirem investigação.
O laudo, do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), atesta que a jovem teve a veia subclávia perfurada, o que causou hemorragia e um choque hipovolêmico - queda de pressão causada por grande vazamento de sangue - que a levou à morte. As perfurações teriam ocorrido durante a tentativa de se implantar um cateter para fazer a coleta da medula na veia subclávia (próxima da jugular) esquerda.
Os médicos não diagnosticaram as perfurações e liberaram a moça, que estava hospedada num hotel de Rio Preto. Quatro horas depois, Luana seria levada à emergência do hospital reclamando de fortes dores e agonizou por mais de uma hora sem receber atendimento de médicos. Mas, ao ser assistida, foi novamente vítima de outros procedimentos errados, e não resistiu.
Hoje, o delegado João Lafayete Sanches Fernandes, do 5.º Distrito Policial (DP), onde foi aberto inquérito para apurar a responsabilidade pela morte da universitária, ouviu mais duas médicas, uma responsável pelo implante do cateter e outra que a atendeu na emergência. O médico também recebeu o laudo do SVO.
O documento mostra que houve "múltiplas perfurações em veias subclávia esquerda", como causa básica da morte. Em consequência, surgiram hemorragias intratorácicas, que causariam o choque hipovolêmico. "O choque hipovolêmico resulta da perda sanguínea ou volume plasmático. Isso pode ser causado por hemorragia, perda líquida ou trauma, sendo que o choque é uma disfunção que se não corrigida leva à morte", diz o laudo.
Com o documento, o delegado esperta poder apontar os responsáveis pela morte da universitária. O Hospital de Base informou por meio de sua assessoria que não se manifestará sobre o assunto até o encerramento da sindicância aberta para apurar o caso.



Negligência Médica gera Indenização


Negligência médica gera indenização de R$ 3,6 milhões em Montes Claros (MG)

Internação por anemia resultou em quadro de invalidez

15 de abril de 2011 | 18h 31
São Paulo, 15 - A imperícia médica e a negligência do Hospital São Lucas em Montes Claros(MG) vai render uma indenização de R$ 3,6 milhões a Delvair dos Santos, de 19 anos. A decisão é em decorrência de uma internação do jovem por anemia há 16 anos. Na época ele recebeu soro e passou por uma cirurgia na cabeça e ficou inválido.
A ação judicial ficou parada por quase 10 anos na Justiça. O advogado Rherisson Vinícius de Oliveira não desistiu. Como não havia perito para finalizar o processo, ele pediu que o Conselho Regional de Medicina determinasse a perícia e o estado do paciente. Com isso, o Supremo Tribunal Federal considerou procedente a ação em 2007.
Depois, a sentença de mérito tramitou em segunda e terceira instâncias. O hospital foi condenado a pagar R$ 960 mil por danos morais e materiais à família da vítima. Com os juros e correção monetária, a indenização passou a ser de R$ 3,6 milhões.
Segundo Rherisson, o valor pode tentar minimizar a dor da família, já que a invalidez de Delvair é total e irreversível. "Que sirva de prova para os demais hospitais que cometem erros médicos", disse.
No último dia 7 de abril foi feito o bloqueio dos bens do dono do hospital, Gilson de Quadros. O imóvel será penhorado. Em até 30 dias a perícia deve avaliar quanto vale. No momento, o Hospital São Lucas está fechado, e no mesmo prédio funciona outro centro médico do mesmo dono.

Ações contra erro médico cresce 17 vezes em 7 anos

13 de novembro de 2008 | 7h 51

Em sete anos, os processos judiciais por erros médicos que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) aumentaram nada menos do que 17 vezes. Em 2001, eram 23 processos. Até o fim de outubro deste ano, já somavam 360 - a maioria questionando a responsabilidade civil dos profissionais. O entendimento do STJ nesses casos tem sido empregar o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e em muitas das vezes inverter o ônus da prova. Ou seja, o médico denunciado fica obrigado a apresentar as provas de que não cometeu nenhuma irregularidade.
?Normalmente entramos com a ação contra o profissional e contra o hospital ou plano de saúde?, diz Diego Augusto Silva e Oliveira, advogado do Giancoli Oliveira e Chamlian Advogados Associados. Quando a decisão é favorável ao paciente, três tipos de indenizações são deferidas: por danos materiais, para ressarcir o paciente das despesas com o tratamento inadequado e por eventuais perdas, como dias não trabalhados.
A responsabilidade do médico, ao contrário do que ocorre no restante das leis de defesa do consumidor, continua sendo subjetiva. Ou seja, a condenação depende da prova da culpa do médico. Segundo o diretor jurídico e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Desiré Callegari, isso pode ser anulado caso exista a comprovação de propaganda irregular dos serviços do profissional e convencimento do médico para a realização da cirurgia. ?Muitos juízes entendem que mesmo que tenha o termo de consentimento assinado pelo paciente de nada adianta se ficar provado que houve o convencimento do médico?, afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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